sexta-feira, 20 de junho de 2008

Efeitos do Envelhecimento


INTRODUÇÃO
Sabe-se hoje que, de maneira geral, a população mundial está envelhecendo. Mas a partir de que idade uma pessoa pode ser considerada idosa? De acordo com a ONU, desde 1982, a faixa etária para uma pessoa ser qualificada como idosa é entre 60 ( países menos desenvolvidos) e 65 anos ( países desenvolvidos). A base é a idade média em que os trabalhadores se aposentam na maioria dos paises. No Brasil, segundo o Estatuto do Idoso, a pessoa idosa é aquela que tem idade igual o superior a 60 anos.
O processo de envelhecimento é denominado senilidade e é caracterizado pelo declínio gradual do funcionamento de todos os sistemas do corpo. Entretanto esse declínio não segue um padrão em todos os sistemas, cada um possui suas características.
Serão abordados nesse texto alguns dos efeitos do envelhecimento de um indivíduo.

EFEITOS CARDIOVASCULARES
A parede do coração é formada por três camadas: endocárdio (película mais interna), miocárdio (músculo propriamente dito) e epicárdio (camada mais externa que compõe o pericárdio). À medida que envelhecemos, essa parede sofre diversas mudanças como:
· O endocárdio torna-se mais espesso;
· O miocárdio fica endurecido devido à deposição de colágeno (esclerose). Uma conseqüência da esclerose é a hipertrofia do coração, uma vez que é exigido um maior desempenho dele para tentar manter o mesmo funcionamento.
· O epicárdio fica mais grosso devido à deposição de tecido adiposo.
Também devido ao aumento da quantidade de colágeno, as valvas que compõe o coração também sofrem enrijecimento.


Além disso, entre 30 e 35 anos, as fibras cardíacas perdem miofibrilas, o que dificulta e diminui os batimentos cardíacos. Consequentemente, há a diminuição do fluxo sanguíneo, uma das responsáveis pela sensação de frio dos idosos.
As artérias também sofrem modificações. Elas perdem fibras elásticas e suas paredes lentamente engrossam (. Na túnica íntima, devido ao acúmulo gradual do tecido conjuntivo e também ao aumento de lipídeos, particularmente o colesterol. Na túnica média, devido ao aumento de células do músculo liso e do colágeno e interrupção nas texturas elásticas) e se tornam mais rígidas. Para compensar essa rigidez, as artérias aumentam de calibre.
“Além disso, o processo aterosclerótico que se inicia na juventude, começa a ficar nítido por volta dos 50 anos. A aterosclerose começa quando os monócitos (um tipo de leucócito) migram da corrente sangüínea para a parede da artéria que teve sua túnica íntima lesada. Esses monócitos diferenciam-se em células que fagocitam e acumulam materiais gordurosos (macrófagos). No decorrer do tempo, esses macrófagos gordurosos acumulam-se e provocam um espessamento na túnica íntima. As artérias afetadas por aterosclerose perdem sua elasticidade e, à medida que os ateromas (placas ateroscleróticas) crescem, tornam-se mais estreitas. Com o passar do tempo, os ateromas podem tornar-se frágeis e romper, devido à secreção de substâncias inflamatórias pelos macrófagos. O contato das substâncias do interior da placa com o sangue promove a liberação do fator tecidual, dando início à cascata de coagulação que tem como resultado a formação de um trombo (coágulo). Se for muito grande, o coágulo interrompe a passagem do sangue, causando morte do tecido irrigado pela artéria acometida, devido à isquemia.”



As veias também são modificadas com o envelhecimento do organismo. Elas se tornam mais dilatadas e suas válvulas podem perder a funcionalidade, principalmente nos membros inferiores. Já os capilares diminuem em quantidade.

EFEITOS GASTRONÔMICOS
Junto ao envelhecimento, a mastigação (processo inicial do sistema gastrointestinal) pode se tornar mais difícil: você pode mastigar mais lentamente e a mastigação pode ser pouco eficiente, não triturando corretamente o alimento, deixando-o com pedaços grandes. Isso acontece principalmente se você usa dentadura. Quando você engole pedaços maiores de alimento é necessário até mesmo o dobro de tempo para que ele chegue ao seu estômago. Isso ocorre porque seu esôfago não se contrai com tanta força como fazia quando você era mais jovem. O resultado é que você fica mais vulnerável a engasgamentos.
A partir dos 45 anos, o estômago produz menos suco gástrico, com isso, torna-se mais difícil ingerir alimentos gordurosos. A pouca quantidade de ácido estomacal também implica em uma menor absorção de vitamina B12, o que pode levar a uma anemia perniciosa.
À medida que envelhecemos, produzimos menos lactase, enzima digestiva que quebra a lactose, que é um açúcar encontrado no leite. Por isso é comum termos idosos com intolerância à lactose e, consequentemente, aos alimentos que contém essa substância, como leite, iogurte e chocolate.
Aos 60 anos, a parede intestinal perde parte da capacidade de absorção, uma vez que se diminui a área ocupada por vilosidades e microvilosidades. Com isso, os alimentos serão menos aproveitados, o que pode acarretar deficiências nutricionais. Alem disso, quando envelhecemos, o intestino pode tornar-se mais lento e menos tonificado.

EFEITOS RESPIRATÓRIOS
Ao envelhecermos, a eficiência pulmonar também é comprometida uma vez que:
· Diminuição da insuflação máxima, que ocorre devido à perda da elasticidade do tecido pulmonar e à diminuição dos movimentos da caixa torácica (as cartilagens costais se tornam menos flexíveis)
· Redução de trocas gasosas uma vez que a superfície respiratória diminui.
· Diminuição da capacidade vital, que é a quantidade de ar que pode ser expirada logo após uma inalação máxima.
· Diminuição dos mecanismos de defesa dos pulmões, já que sua atividade ciliar (responsável pela limpeza das secreções) diminui o que acarreta acúmulo de secreções; e as células de defesa dos pulmões tornam-se menos eficazes. A conseqüência desses fatores é que os idosos ficam mais suscetíveis às infecções respiratórias.
Além desses efeitos, a musculatura do tórax torna-se menos eficiente, o que diminui a capacidade de eliminar secreções pela tosse.
Esse somatório de efeitos é vivenciado no dia-a-dia quando o idoso sobe alguns degraus de escada e se cansa rapidamente. Sua respiração torna-se ofegante com um esforço antes considerado pequeno.

EFEITOS SENSORIAIS
Paladar
Gradativamente, a densidade das papilas gustativas (receptores nervosos do gosto) diminui. Uma pessoa de 75 anos, por exemplo, possui em média apenas 36% do número de papilas gustativas inicial, o que resulta em um paladar menos apurado.

Visão
A presbiopia é a condição óptica causada pelas modificações na visão produzidas pela idade e manifesta-se entre os 40 e 50 anos. Essas modificações incluem:
- Endurecimento/enrijecimento do cristalino e modificação de sua transparência,
- Menor eficiência do músculo ciliar
- Redução da pupila
As conseqüências são: dificuldade de visualização de objetos próximos, uma vez o ato de focar tornou-se mais difícil, redução da quantidade de luz que chega ao fundo do olho e conseqüente diminuição da sensibilidade à luz.
O uso de óculos pode corrigir essa deficiência. Alem disso, a partir de 60 anos, a distinção de tons de azul e verde é dificultada.



Audição
Denomina-se presbiacusia a perda de audição provocada pelo envelhecimento. Ela é caracterizada pela perda de células receptoras da cóclea, fato que diminui a audição, já que são elas que ajudam a transmitir impulsos para um nevo que os transfere para o cérebro para que seja interpretado. Como conseqüência, o idoso ouve uma menor amplitude de freqüências e tem seu limiar de desconforto diminuído. Isso significa que quando os outros falam em intensidade fraca, o idoso não consegue ouvir, mas ao elevarem a intensidade da voz, atingem o nível de desconforto do idoso, que responde irritado “Não grite, pois não sou surdo”.
É também comum o aumento da produção de cerume e da quantidade de pêlos, principalmente e homens.
Os gráficos mostram a diminuição da amplitude sonora que homens e mulheres podem ouvir com o passar do tempo. Note que a perda é mais acentuada nas freqüências mais elevadas.
Uma curiosidade são os toques de celular que só adolescentes conseguem ouvir. Esses toques são sons de alta freqüência que ultrapassam o limite audível de adultos e que são utilizados por estudantes nas salas de aula para que o professor não ouça o celular tocar.
Infelizmente, a deficiência auditiva gera no idoso uma grande dificuldade de comunicação e uma tendência de isolamento social.






EFEITOS ANATÔMICOS
A sarcopenia é a perda de massa muscular devido ao envelhecimento. Essa perda ocorre pela diminuição do tamanho e do número das fibras musculares ou ambos. É importante ressaltar que essa perda, além de quantitativa é qualitativa, pois a contratilidade, a densidade capilar e o metabolismo da glicose são alterados.


Sarcopenia


A remodelagem óssea é o processo de formação e reabsorção do osso, que conta com a participação de osteoblastos (formação) e osteoclastos (reabsorção). Durante a infância e a adolescência a formação óssea ocorre em maior velocidade que a reabsorção, o que resulta no aumento da densidade óssea até os 18 anos, idade do pico de massa óssea. Essa densidade é estável até os 40 anos. A partir dessa idade, inicia o processo de redução óssea, ou seja, a reabsorção do osso permanece mais ou menos a mesma, mas a assimilação de cálcio e outros minerais diminui, o que gera a diminuição da densidade óssea. Quando essa diminuição atinge 30%, o indivíduo passa a ter osteoporose.
A osteoporose (ossos porosos) é uma doença caracterizada pela fragilidade do osso, que diminui de espessura e torna-se muito poroso. Ela é a principal causa das fraturas em pessoas acima de 65 anos. As vértebras, o colo do fêmur e a bacia são as regiões mais suscetíveis à doença. No caso das vértebras é comum, devido à compressão, a diminuição na altura da pessoa, fato que também é favorecido pela diminuição dos discos intervertebrais devido à perda de água.




Vértebras normais ------X-----Vértebras com osteoporose


A menopausa também contribui para a osteoporose das mulheres. Devido à menopausa é parado o funcionamento dos ovários, o que diminui a síntese de estrogênio. Esse hormônio limita a retirada de cálcio do organismo ao frear a formação e atividade dos osteoclastos. Com a baixa desse hormônio a ação dos osteoclastos é facilitada, o que aumenta a reposição óssea e consequentemente contribui para a osteoporose.

Um comentário:

Unknown disse...

Olá! Já ouvi falar que fazer exercícios pode fazer mal, é verdade?